exposição individual

INAUGURAÇÃO: Sábado, 5 de Agosto
ENCERRAMENTO: Sábado, 14 de Outubro
O projeto intitulado “O Mito de Sísifo” é baseado na leitura contemporânea de Albert Camus do mito desse proletário dos deuses. Em muitas leituras e análises desse conto mitológico, a figura da pedra é uma mera ponte sem importância, um peso a ser carregado até ao topo da montanha, mas ela não é simplesmente um mineral; conceptualmente, na sua simplicidade, ela retém toda a magnitude e dimensão do conteúdo da vida, seja ele positivo ou negativo. Para Sísifo, uma condenação, para Patrícia, um objeto de arte. Em sua posição estética dentro da natureza, mas extremamente exposta a mudançaas e transformações, é aí que começa o processo criativo de Magalhães. Desse suposto ser inanimado, a artista começa a transformar a superfície dessas pedras como se fosse a natureza, até encontrar diferentes figuras no relevo delas, carregando-as de novas narrativas e mitos. Figuras emolduradas e contornadas, moldadas pela passagem do tempo e da imaginação, carregadas de história que a artista tenta decifrar por meio da fotografia, da manipulação, da transferência, da matéria, para talvez descobrir a jornada sem fim e a estrada que percorreram depois de cair dos braços de Sísifo para o início do caminho, onde Patrícia lhes dá um propósito novo e menos condenatório.
Exposição O MITO DE SÍSIFO
“Um homem carrega uma pedra enorme até ao cimo de uma montanha, com grande esforço e sofrimento físico. Aí chegado, ele deixa que a pedra se solte e role pela encosta abaixo. E, novamente, todo o processo se inicia, repetindo-se por toda a eternidade. Não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança, terão pensado os deuses que assim condenaram Sísifo.”
O título da exposição é uma apropriação do brilhante ensaio filosófico de Albert Camus, em que este recorre à lenda da mitologia grega como uma alegoria para ilustrar a sua ‘filosofia do absurdo’, ao comparar o eterno castigo de Sísifo à busca da humanidade por um significado da vida e, assim, concluir que, se não conseguirmos encontrar prazer no que é quotidiano, então estamos a fazer pouco mais do que esperar pela nossa morte enquanto a vida se esvai.
A intenção não é menosprezar a procura humana por um significado maior para a vida. Para Camus, conseguirmos identificar o absurdo na nossa própria vida é dominá-la, é reconhecer quais são os momentos que carecem de consciência, de prazer e de intenção, para lhes dar maior importância. Ele recorda-nos que o significado da vida é encontrado, não apenas nos grandes momentos, aqueles que geram em nós a consciência de uma memória, mas nos pequenos instantes, aqueles que preenchem os segundos, os minutos, as horas e os dias no meio dos grandes acontecimentos.
E é disso que estes desenhos tratam. Partindo de registos fotográficos de formas e texturas orgânicas, (particularmente de pedras), que quando as olhei, vi, em pareidolia, assemelharem-se a pessoas, (ou partes delas, como a pele ou os ossos) e que imaginei terem vidas absurdas, sem sentido, e tão inanimadas como os elementos naturais que lhes estavam na origem. Pedras-pessoas que, ao longo de diferentes séries de desenhos, se vão transmutando em outros seres e que, vistos assim, serão simultaneamente, Sísifo e a sua pedra.
Centro Cultural Municipal Adriano Moreira,
Rua da República, 5300-252 Bragança
horário:
de segunda a sexta, das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 21h00
sábados das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00