exposição individual / solo exhibition
O neologismo, ‘pós-verdade’ é um termo que apareceu pela primeira vez em 1992 e que começou, rapidamente, a ser utilizado, com cada vez maior frequência, para acompanhar o que estava a acontecer com o crescimento meteórico das redes sociais, a omnipresença de notícias 24 horas por dia e a sua multiplicação em todos os media, vorazes a nível planetário.
Para conseguir saciar tamanha sofreguidão é necessário gerar cada vez mais e mais conteúdos, continuamente, sem parar. E isso consegue-se à custa de um gradual desvalorizar do que antes se entendia por verdades objetivas, aquilo que era comprovado por factos, ou o que estava coletivamente estabelecido, promovendo-se como igualmente certas, e ao mesmo nível, tudo o que sejam opiniões e convicções pessoais, apelos emocionais, argumentos subjetivos e, até, falaciosos.
'Pós-Verdade' é um vasto corpo de trabalho, a que me tenho dedicado nos últimos anos, que integra diferentes conjuntos de desenhos, pinturas e objetos, agrupados em módulos a que chamei 'Capítulos'. Nesta exposição estarão expostos os dois primeiros: Capítulo I e Capítulo II.
Pela sua natureza, este meu projeto, para mim só faz sentido ser exposto em espaços com características muito especiais - como este antigo Convento dos Capuchos que, como edifício histórico, nos faz viajar no Tempo mantendo-nos contudo na atualidade. Espaços onde persistam o silêncio e a introspecção e que, apesar do ‘mundo louco lá fora', nos dão condições propícias a que tomemos alguns momentos para pensar sobre inquietações urbanas atuais, como as que expresso neste trabalho.
A Câmara Municipal de Almada acolhe esta exposição 'PÓS-VERDADE' no Convento dos Capuchos, com curadoria de Filipa Oliveira que escreveu também o texto da folha de sala de onde retirei o excerto abaixo:
"Pós-verdade não defende a inexistência da ‘verdade’, propõe antes que esta é secundária ou irrelevante nas estratégias (políticas e dos media) de poder. O projeto de Patrícia Magalhães explora e reflete sobre esta ideia de construção da verdade, questionando se a verdade é uma impossibilidade, e se existe apenas enquanto perspetivas e interpretações pessoais. A arte é exatamente o lugar onde é possível desmascarar e questionar o conceito de verdade, e ao fazê-lo abrir novas possibilidades de compreensão do mundo e releituras do passado. Ao destabilizar o que outrora se considerava inequivocamente como "verdade", a arte atua como uma fresta que se abre e que encoraja o pensamento critico, despertando uma nova compreensão e visão do mundo."
inauguração a 16 de Novembro de 2024, 15h
até 18 de Março de 2025
de terça-feira a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h 00 | Encerra domingos, segundas e dias feriados
Convento dos Capuchos
Rua Lourenço Pires de Távora,
2825-041 Caparica
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